Minha querida gerente de banco

Ele me tirou tudo

Melhor quase tudo,

Respiro o ar, cheguei em casa.

Um copo d’água

Branco, banco, minha gerente.

Me tirou tudo

Em nome do juro, de taxa.

Anuidade fiscal

Contribuição financeira

Participação

De mora,

No tempo que me deixou de espera

Mas me atendeu com sorriso,

Me deixou com raiva

Me deixou com a conta estourada

e me disse que não podia fazer nada

Me fez sentir o gosto

Da vida moderna

Me disse que eu sou uma empresa

Falida, mas uma empresa.

E que ela nem se preza

Se minha empresa, ou

Em que cartilha reza

Se vai bem ou mal das fresas

Antes de tudo eu devo depositar

Confiança no meu banco

Como confio na minha própria mãe

Nos meus filhos e na sua mamãe.

Agora estou aqui

derrotado

Fui enfrentar

O que há de mais sagrado

O dinheiro

E os que pregam

Com esta magna carta

Fui tentar me impor

Ao que há de mais potente

Aos bancos

Tudo vai e de lá não sai

Saí eu

Sem saber o que fazer

Uma mão no bolso e a outra voando.

Acho que vou depositar

Um dinheirinho

Na minha conta

Antes que minha gerente vire gente

Vire empresa

Que nem eu

Falida, mas contente.

Mas jamais

Nem que o mundo caia

Não vai o banco procurar

Pois sabe que lá

Não é lugar pra chorar

chorei

dancei

Quem mandou

Não ter em casa

Uma gerente de conta ou

Um banco de depositar