Bagagem
Há um rio chamado vida,
que não se deve apressar.
Navega com calma
e dele colhe o cheiro para levar,
viajante...
Carrega estrelas d’água,
bebida de cacimba recolhida em bilhas,
todas as gaivotas que puderes
e não esqueças também dos guarás.
Leva aquela imagem da pontezinha,
onde no ar duas garças cinzentas
encontraram-se e pareceram
cochichar sobre teu destino.
Saberiam elas que serias cidadão do mundo?
Tatua no peito a sombra luminosa,
que envolve com seu manto a saudade e
a lembrança das horas arenosas
correndo atrás dos maçaricos
até a branca espuma....
Calça os sentidos com as pegadas no manguezal,
raízes, pequenos caranguejos,
mexilhões, e caracóis.
mexilhões, e caracóis.
Nessa bagagem de cheiros e retinas
haverás de encontrar vestes de sol e mar,
para que distante de tudo que amas
não sobre apenas o gosto de sal.