Champagne
Então brindaremos o amor que eu não amo assim como toda dor que não dói e os dias que não passam
Assim como a falta excessiva de sentimento,assim como o excesso de sentimentos vãos que somem no ar
Assim como o tempo que não se utiliza,os gritos que param na garganta e o sorriso que apenas sorri
Assim como o tédio que necessita da dor,como o excesso de vida que deseja a morte
Assim como o trem que nunca chega e ainda te faz esperar
Como o objeto que apenas existe,como aquele que vaga por vagar,que é feliz apenas por ser
Então eu prefiro amores platônicos os quais se esperam eternamente do que amores perfeitos em que se tem tudo,exceto o que se esperar
Assim como prefiro minha alma sangrando do que um mero corpo isento de alma
Então brindaremos a morte,porque viver sem morrer é apenas vagar,porque sem fim o inicio perde o sentido e o meio se torna nulo
Porque a dor é sinal de que estou viva,e como não a sinto mais talvez já tenha partido sem ser avisada,talvez tenha sido deixada pra traz e se esqueceram de me conceder uma alma
Então quando escreverei minhas memórias póstumas talvez finalmente reconheça que nunca tive coragem de viver,e em meu túmulo ansiarei viver em morte o que esqueci de viver em vida