AO  FÊNIX  - Lembrando de Você

      Amava correr pelos campos verdes; sol da manhã, orvalho nas flores, perfumes no ar.
      Ouvindo o canto dos pássaros, borboletas azuis pousadas nas flores. Ao longe o mugir do gado no pasto. Para mim era a canção de Paz que desejamos.
      Correr, cantar, saltar feito criança, colher flores frescas, cheirosas e colocar no vaso azul, perfumando e  enfeitando a sala. Sala simples, aconchegante, agradável.
As cortinas finas, brancas na janela, não impedia que víssemos lá fora, o canteiro de flores baixinhas como amor-perfeito...que lindo!!!!  Que paraíso ficou pra trás. 
     Pegar o cesto e colher frutas;   na horta, algumas alfaces bem clarinhas e  pegar os menores quiabos...odeio quiabo, mas as flores são  tão lindas!!!  Detesto, mas gostava de colhê-los.
     Ah!! Lembranças  gostosas que deixam  tantas saudades; deixam saudades e não sofrimento ou tristeza. Éramos tão felizes lá!
     Como estará hoje o 'FÊNIX" ?Grande portão verde, suave subida cercada de coqueiros, no alto a casa e abaixo o lago. Na época de chuva apareciam os sapos e pererecas. Alguns sapos foram batizados pois não iam embora,  ficavam entre as flores do jardim. Como estarão  o Felipe, o Fred e o maior de todos, o Fernando? 
E os lirios, será que ainda se vê o verdadeiro campo de lirios brancos, amarelos, parecendo um belo tapete de flores? E as rosas? O casal de corujinhas com seus três filhotinhos, moravam na mangueira.  
     Mas que importa tudo isso agora? É tempo passado. Por lá ...tanta felicidade  houve, por isso bate essa saudade. Tudo acabou...foi...só lembranças restaram e fotos, filmes. Nos filmes podemos ver nossa mãe colhendo morangos. Tempos tão felizes.
     Tem vezes que sinto vontade de ir pra lá e entrar como se ainda fosse nosso, como se chegasse e fosse recebida com doces de frutas do pomar, salada fresquinha de folhas da horta, e o sorriso lindo de minha mãe e irmã. 
     Toda aquela beleza e paz foi substituida por altos muros, grades nas janelas, cortinas  opacas, cães ferozes. Nada de flores, de pássaros, lirios...
     Um amontoado de casas e pessoas apressadas e indiferentes, passando com seus carros de luxo como se não vissem ninguém. Chamam isso de Condomínio. 
Condomínio da desolação onde ninguém se importa com o outro, nem quer conhecer.  
     Fiquei assim também? Faço parte desse tipo de pessoas que, de preferência, fingem nada ver, pois isso implica em se importar com o outro, e participar é complicado, envolver-se em amizades pode não ser bom. Quem quer amizade?
     Sinto falta de mim, daqueles  "bom-dia "  para os passantes que nunca havia visto na vida. Tinha a impressão que eles sacudiam a cabeça e só diziam "..dia,senhora!"
";;tarde, senhora!" o  "bom " eles comiam e nós respondíamos sorridentes aos cumprimentos daquela gente simples e tão gentis. 
     Aqui é tudo bem diferente. Ninguém vê ninguém, é melhor assim. Mas não são pessoas simples, são ocupados demais, precisam muito ganhar dinheiro, afinal foi lançado um novo carro. 
     AH!!!! FÊNIX!!!! Que saudade de você!! De mim, de todos nós, de nossa felicidade!
As pastoras estão velhinhas, todas três, vivem com sacrificio. Foram tão valentes, tinham fama de bravas. Nada a temer com elas soltas. Agora, como as pessoas, estão  cansadas, enxergam mal, custam a movimentar-se. Cumpriram suas missões. 
     Fui ao passado, vivi momentos felizes e agora volto ao presente.  Que desolação!!
naja
Enviado por naja em 15/07/2008
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