Libertação

Foi perdoando os meus próprios erros

que incorporei o processo íntimo do desterro

No difícil caminho da remissão,

na plenitude do meu maior desespero,

fui tragando as imundices de atos impensados

Sofri com as feridas causadas por palavras malditas

e quase enlouqueci por tanto desprezo

Senti a amargura da incompreensão

Machuquei-me com horríveis humilhações

Fui vítima de minha própria incapacidade

Fui culpada sem saber o porquê

Achei-me no meio de tribulações

ouvindo gargalhadas de felicidade!

Penetrei na mais profunda desolação...

E tudo isso foi preciso

Foi preciso sim!

Eis que aprendi a enxergar na escuridão

e para muito mais além de mim

Quando perdi todas as muletas,

percebi que tenho pernas fortes

capazes de me sustentar para adiante

Reparei como meus braços são longos,

pois com eles sou capaz de alcançar todos os sonhos

Como é reconfortante ver minhas mãos trabalhando

ao invés de vê-las esmolando...

Saber que as pessoas não sentem pena perante

meu sofrimento, e sim respeito por minha obstinação

Ter alegria no calor que brota do coração

quando a alma perdoa um “não”

Sentir a verdadeira paz em cada palavra caridosa

de bondade pura e tão valiosa...

Nas penumbras da depressão,

livrei-me de lágrimas viciosas!

Reconheço, enfim, que ninguém é melhor

que ninguém, apenas existimos de todos os jeitos

Somos imperfeitos!

Das chagas à renovação, eu me elevei...

Graças à libertação!