Overture, the marriage of figaro symphony nº 40 in G minor, k 550
Há uma linha tênue ligando Mozart a necessidade de um encontro intimista espalhado pelo ritmo, propenso a união através dos instrumentos. A alegria, alvorada apresentação de Overtures: as águas e as incertezas que já não são as mesmas de tempos em que melancolia era servida em tigelas de alumínio. A penúltima sinfonia nos traz ao invés da contemplação reflexiva, inquietação, morbidez, febre terçã, economia de externar reação qualquer que lhe entregue a análise.
Um suspiro presumido, a defloração pela necessidade do arrebatamento. Os lamentos dos enamorados que atualmente se contentam apenas com a certeza de suas ofensivas emboscadas para aquisição rápida de um parceiro: que se defina num atrevido amasso, um cheiro, densos beijos à quantificar a canastra oculta no egoísmo modernista carregado de propensão capitalista do desejo inconsolável.
Já não sabem dançar com lirismo comedido de seus antepassados, porém, mantêm no seu convívio o lirismo do ritmo de suas sinfonias tão abstratas quão sinuosa Molto Allegro. Despretendida de realismo incomensurável e duplamente sintetizado para o entendimento ilegível de alguns que não usam o falar.
Algumas imagens vão se perpetuando pela mente a partir dos sons, essas a cada instante adquirindo tons mais coloridos, descarrilando inúmeros caminhos donde se avista nova idéia repleta de cores e sonoridade. Algumas meras miragens, outras grandes novidades úteis para a harmonização da rotina. Muitas trazem alegria, esperança, satisfação e companhia... inúmeros caminhos... inúmeros...
Num rompante se transfigura o símbolo criado, formando uma animação que sofre mutação ao ser tocada por uma leve brisa, num ritmo descompassado, delgado e lânguido.
O movimento sonoro, a coloração múltipla e a consolidação de uma figura ilustrativa do que o homem evocara para a sua inerente decisão de viver.