O segredo dos miseráveis
Um pobre velho no banco da praça,
encolhido feito criança com medo,
há quem passe sorrir e ache graça
e ele quieto, parece guardar um segredo...
Caquético, não representa qualquer perigo
mas há quem o perceba e recue o passo,
ele ousa oferecer um sorriso amigo...
(Generoso é, ofereceu algo escasso.)
Quão grande deve ser o que este miserável tem oculto,
tantos caminhos percorridos e ainda talvez tenha mais um traçado.
Ah, creio ser tão sábio o miserável, mal sabe o culto!
Se soubesse jamais o repudiaria ou o teria desdenhado.
Este miserável, a qual olhas na rua e sentes pena ou desprezo,
é um ousado com a vida, provavelmente pagou por ter arriscado...
Quando enquanto nós vivemos com loucura o dia-a-dia e os sonhos com zelo,
ele de certo deve ter largado a rotina e apostado em algo que havia sonhado.