Caminhos e rosas

Tudo bem. Não diga nada, se não há nada a dizer. O silêncio é revelador. Os olhos são mais elucidantes. A voz desvia a atenção.

Nos entendemos bem; mesmo na ausência das palavras. Tudo o que havia a ser dito, já foi...e onde repousaram? Em alguma praia, talvez; ou quem sabe debaixo de algum viaduto, esquecido e abandonado em alguma calçada à margem da estrada da vida; lugar propício às contradições, aos contrastes. Não! Esperançosamente opto por acreditar que repousam em algum porto-seguro, mesmo que não possa mais vislumbrá-los.

Não há mágoas. Como poderia haver?

Há uma tentativa...um recomeço...uma disposição...mais tímida, é verdade; mas não menos verdadeira.

Ainda escrevo. Ainda me inspiras...

Este é o nosso espaço, quase que exclusivo, não fosse algumas duas intervenções. Cá estou todos os dias, à espera... por vezes admirando o pôr-do-sol, sem ser agraciado com a tua presença; mas amanhã ele nascerá novamente, e com ele renova-se a minha esperança; e cá estarei com esta rosa derretendo em minhas mãos.

Este sol me castiga. Não há por perto uma sombra sequer. Uma fonte de água...um quiosque que venda bebida. Estamos só: eu e saudade.

Não existem mais mistérios. Todos foram revelados. Quando existiam...ah quando existiam...tudo era diferente. A curiosidade era nosso combustível. Queríamos mais. Ir além. Surpreender, instigar, intrigar...agora...agora somos quem somos.

Abandonamos o atalho; voltamos ao caminho. Cada um no seu, na tentativa de chegar ao mesmo lugar: a desejada felicidade. Ainda não cheguei lá, mas acredite, estou feliz.

Que haja muitas rosas como esta que ainda derrete entre meus dedos, em seu longo caminho; e que no meu...que no meu apenas não haja os espinhos, mas se houver, pretendo não me ferir.