Um Dia o Poeta Pensou
UM DIA O Poeta Pensou
Um dia o poeta pensou
pensou louco, doido e doído
Porque ser obrigado a viver?
Porque como todos os homens
Comer, dormir, escrever versos
Ganhar tostões para sobreviver e ter medo de morrer...
Tudo, tediosamente igual, inexoravelmente imutável...
Um dia o poeta pensou que de vez em quando
Muito raramente ,há uma eclipse
Nasce novo gênio ou um clone
O homem vai à lua e o papa
Pede perdão pela internet.
O céu é sempre azul ou cinzento quando chove
Tem lua, branca, crescente, cheia ou minguante
Estrelas azuis, morros verdes a subir
a justiça é sempre cega ou atrasadae
o mar é esverdeado
mas ninguém pinta o céu de amarelo
Ou o sol de vermelho e o faz sorrir
como ninguém põe um dentão preto , careado na lua.
Tudo tediosamente igual ,inexoravelmente imutável...
E o poeta pensou porque não pode
ver seus mortos que brincam nas asas dos anjos
e no balanço das estrelas
a nos observar irônicos ,quando sorriem risonhos !?
Estou cansado, enfadado, incompreendido
Pois, nunca acordo com o céu vermelho
Ou vendo a bela cor dos olhos da justiça..
Tudo no mundo segue igual, matemático, semelhante.
Tudo tediosamente igual, inexoravelmente imutável...
O poeta decide viver escrevinhando poemas
Rimados, exatos , humanos e mundanos.
Será tudo sempre racional ? Mecânico?
A última moda, o carro mais caro e há as grifes...
E , mesmo o pavor da Morte o obrigando a viver!
E seus versos seguem tediosamente iguais ,inexoravelmente imutáveis.
E ,apesar de seus versos desesperados,nada muda neste nosso mundo!
E porque ,se pergunta o poeta, nada muda apesar de meus versos?