Um Dia o Poeta Pensou

UM DIA O Poeta Pensou

Um dia o poeta pensou

pensou louco, doido e doído

Porque ser obrigado a viver?

Porque como todos os homens

Comer, dormir, escrever versos

Ganhar tostões para sobreviver e ter medo de morrer...

Tudo, tediosamente igual, inexoravelmente imutável...

Um dia o poeta pensou que de vez em quando

Muito raramente ,há uma eclipse

Nasce novo gênio ou um clone

O homem vai à lua e o papa

Pede perdão pela internet.

O céu é sempre azul ou cinzento quando chove

Tem lua, branca, crescente, cheia ou minguante

Estrelas azuis, morros verdes a subir

a justiça é sempre cega ou atrasadae

o mar é esverdeado

mas ninguém pinta o céu de amarelo

Ou o sol de vermelho e o faz sorrir

como ninguém põe um dentão preto , careado na lua.

Tudo tediosamente igual ,inexoravelmente imutável...

E o poeta pensou porque não pode

ver seus mortos que brincam nas asas dos anjos

e no balanço das estrelas

a nos observar irônicos ,quando sorriem risonhos !?

Estou cansado, enfadado, incompreendido

Pois, nunca acordo com o céu vermelho

Ou vendo a bela cor dos olhos da justiça..

Tudo no mundo segue igual, matemático, semelhante.

Tudo tediosamente igual, inexoravelmente imutável...

O poeta decide viver escrevinhando poemas

Rimados, exatos , humanos e mundanos.

Será tudo sempre racional ? Mecânico?

A última moda, o carro mais caro e há as grifes...

E , mesmo o pavor da Morte o obrigando a viver!

E seus versos seguem tediosamente iguais ,inexoravelmente imutáveis.

E ,apesar de seus versos desesperados,nada muda neste nosso mundo!

E porque ,se pergunta o poeta, nada muda apesar de meus versos?

Suzana da Cunha Heemann
Enviado por Suzana da Cunha Heemann em 16/06/2008
Reeditado em 05/02/2011
Código do texto: T1036611
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