O quarto rosa
Hoje, passei em frente ao seu apartamento. Chovia e, por trás das grades, a janela do seu quarto chorava muito. Você não estava em casa. As cortinas estavam abertas. Certamente você não estava. Me lembrei da gente na rua imaginando o que se passava por trás das janelas dos prédios. O que e quem elas protegiam ou escondiam quando estavam fechadas. Às vezes, eu também faço isso sozinha e quando passo por janelas de conhecidos, fico feliz por ter estado atrás delas alguma vez. Eu me lembro dos momentos que passei ali e tenho saudades.
Eu estava toda molhada, mas ainda fiquei alguns minutos a olhar a sua janela. Pensei em você, nas paredes rosa do seu quarto, na mobília disposta cada dia de um jeito diferente, no espelho que eu amoooo pendurado entre a cama e o guarda-roupa, nas viradas de noite, nos filmes, nos choros, nas risadas, nas comilanças, nas bagunças, nas conversas, nas outras pessoas que estiveram lá, nas nossas brincadeiras sem noção, nas lavagens cerebrais que fizeram em mim, em tudo que eu aprendi sobre vida e as pessoas nele. E tudo isso em menos de um ano, heim? Sem dúvida a sua janela é a que me deixa mais feliz e o seu quarto é o mais mágico de todos.
Fiquei com uma vontade enorme de subir e conversar com você. Mas as cortinas estavam abertas, você não estava.