POR UMA CHANCE DE DIZER-LHE QUE A AMO
Estou todo tempo me vendo, ou imaginando, ou pensando em voltar no tempo, concertar os erros que cometi, fazer o que deixei de fazer, o que penso agora que devia ter feito no passado. Às vezes, esse desejo de modificar no passado o meu presente fica menos evidente, embora jamais deixe de ser latente, sempre estando lá, acenando como a única solução para minha situação atual. Outras vezes, a grande maioria delas, só consigo pensar nisso. O pensamento mágico de que, se desse pra dar a volta no tempo e espaço, voltar no tempo, de preferência em determinados acontecimentos da nossa vida, para mudá-los, ou ao menos melhorá-los, tudo o mais, no nosso presente, poderia ser mudado, de preferência para melhor.
E ultimamente o passado recente tem voltado a minha mente com freqüência, o dia em que a vi pela primeira vez, o dia em que me apaixonei por ela, o dia em que trocamos e-mails para nos mantermos em contato além daquela famigerada entrevista de emprego. Pior o nosso segundo encontro, algumas semanas depois, planejado, num shopping, um local neutro, digamos, mas onde certas coisas não precisariam ser evitadas, principalmente as que poderiam ter sido ditas. Nosso primeiro encontro não precisa ser concertado ou melhorado, de uma certa forma, já foi perfeito, até pelo fator coincidência, se é que existe isso. Mas o segundo, esse teria que ser concertado. Deixei-me levar pelo medo de demonstrar-lhe o que estava sentindo por ela, deixei-me falar sobre uma ex que me magoou profundamente, e que toda vez que tenta emendar seu erro é frustrada por uma nova mágoa por ela própria infringida, desapontei-a deixando no ar que talvez ainda amasse essa ex... agora vejo que a desapontei, agora parece que havia uma possibilidade de aproximação, que ela abria um caminho para algo além de uma amizade nascida sabe lá Deus como de uma simples entrevista de emprego! Fingi na hora ter encontrado uma barreira intransponível, quando ela mencionou um relacionamento que estava meio parado, com outro cara, de outro país... se tivesse seguido meu instinto, em vez de meus medos, meu acanhamento várias vezes exacerbado de tal forma que eu mesmo me fecho numa redoma e não procuro me aproximar, demonstrar os sentimentos por uma pessoa. Só lhe demonstrei o pior de mim, só meus ressentimentos por uma pessoa cuja influência negativa em minha vida foi mil vezes maior que qualquer possível influência positiva...
Depois do segundo encontro, embora tenhamos ambos demonstrado interesse em nos encontrarmos novamente em outras oportunidades, nada deu certo nesse sentido, não esperei ter que decidir por retornar a minha cidade de origem, há milhares de kilômetros dela, o que terminou acontecendo... novamente, ela demonstrou interesse em me ver mais uma vez, antes de vir embora, só que não se concretizou, não sei até hoje se ela falou a verdade quanto a receber visitas de parentes, o que serviria de empecilho para nosso reencontro... e devo culpá-la por isso? Óbvio que não! Eu sou o culpado! Eu deveria ter-lhe dito que a amava, já no segundo encontro, ou ao menos nas nossas inúmeras conversas via internet... deixar de me preocupar com a forma de dizer-lhe isso e simplesmente dizê-lo!
Não poder curvar o tempo tanto assim? Tudo bem... poder curvar o tempo e espaço o suficiente para estar lá quem sabe num fim de semana para tentar encontrá-la já seria bom... ficção ou não, impossível ou não... esse é o erro que atualmente tinha que ter uma forma de ser corrigido!