a negra noite sem estrelas

O ébano  da noite so era interrompido pelo brilho timido,inseguro de uma estrelinha teimosa que,talvez,tivesse fugido de casa numa aventura infantil...
Nem os seres noturnos promoviam a monotona cantilena para acalentar o sono do Mago Creador e de suas criaturas.A atmosfera sepulcral se extendia a todos os limites.Teria a Vida sido seifada do seio do Universo?
Retirara-se o magnifico Colosso sonhador para outros mundos,deixando a treva infinita da morte,fazer sucumbir a plantinha modesta de meu Ser?
Mas,...sendo assim,porque daquelhe brilhareco no grande espaço negro?...Teria sido ontem o ultimo dia da Criaçao?
Cansara-se a Criança divina e deixara,à esmo,os brinquedos de seus folguedos?Estaria o Grande Pensador em monumental crise existencial?
Porque,então, daquela manha cinzenta de sol agonico?Porque não findar da mesma forma em que começou,com movimento festivo alegro da abertura da Vida?...Fizesse,pelo menos,  maior tragicidade em seu final,para que nós, últimos elementos,nos preparassemos  e saboreassemos o último  raio luminoso...
Mas,...porque daquela estrelinha enigmática?...
O que preparou,agora,este insensivel compositor de requiens?...
No momento seguinte,percebi que o pano de fundo transformara-se do breu para o violaceo e com ele,um grito alegre da alvorada,anunciado pelo bem- te- vi amigo,como que avisando da sinfonia cosmica que se iniciara...Tal recado só poderia partir de criatura benfazeja.
Meus olhos cegos puderam se embevecer com o espetaculo de cores e luzes que se alternavam.O lilas cedera sua vez ao rosa,que deixaria o dourado suceder-lhe,graciosamente.O coro triunfal dos pássaros  e insetos agradecia ao nascimento de...mais um dia.
Sobre as folhas,ainda umidas de orvalho da noite passada,duas borboletas recen natas batiam as asinhas descompassadamente.Pareciam duas pétalas  arrancadas,flutuando à esmo à  vontade da brisa amena.
no riacho,as gotinhas cristalinas dágua saltitavam e se chocavam com as pedras redondas,há muito acariciadas pela correnteza.
Folhas desgarradas da arvore mãe  deslizavam confiantes sobre o leito do rio.Que tamanha prova de fe,deixarem-se levar,ao sabor de mãos  amigas,à destino incerto...pensava eu.
Novamente,o bem-te-vi cantou,fazendo-me acordar das inseguras divagaçoes.
O solista da magnifica obra convidou-me,entao,a fazer parte daquela maravilhosa Snfonia da eterna renovação!!..