A borboleta
Eu sabia, eu sempre soube!
Mas só se diz isso depois que acontece.
Mas desta vez era diferente. Eu realmente sempre soube.
A partir do momento em que aquela borboleta pousou no meu ombro na fila do teatro. Com o bilhete em mãos, eu também carregava meu futuro, mas não sabia.
Eu não devia estar ali, talvez por isso soubesse que seria único.
Bilhete rasgado, estava dentro. A borboleta voou. E eu, por toda a peça, vaguei sob o céu de penumbras, à procura dela.
Mas o que é meu sempre retorna. E ao fim da peça, ela estava lá, fiel ao mesmo ombro.
Com ela, vaguei pelas ruas, imerso em êxtase, durante toda a noite, e no dia seguinte, um eterno agora.
Numa manhã de domingo, partir era necessário. Ela voou, em busca de outros ombros e eu, desolado, em busca da mesma borboleta.
Só espero um dia reencontrá-la.