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Então, deitados sobre àquela areia,
Olhamos para a bela lua cheia;
Estava tão serena – toda branca,
Nos arrancou – assim como se arranca –,
O nosso entediante sofrimento;
Tornou-nos vigorosos – com intento
Dormimos nosso sono abençoado
E cedo, de manhã já acordados,
Nós prosseguimos pela madrugada –
Para o final da nossa caminhada;
As árvores campestres os bons frutos –
Tão doces, sedutores, impolutos –,
Fartavam nossa fome – sim fartavam
E, que milagre, nunca se acabavam;
E todos ‘stavam mais que satisfeitos
Seguimos nós, Então, por seco leito.
E vimos um palácio de cristal –
Tão lívido, perfeito, sem igual,
E logo na entrada do palácio –
Sabíamos que n’era nada fácil –,
Pois nele Estava escrito assim: “SAUDADE”
Entramos com temor e com vontade,
É lá que ficam todas as memórias,
Oh sim! Ficam arquivadas as histórias,
Relemos, e vivemos – prazer
A vida interessante por nascer
E não deixamos um compartimento,
Percorremos com contentamento,
A placa lá da porta da saída,
Em letras garrafais – bem conhecida,
Estava uma mensagem – sim – escrita
Mensagem que nem todo ser medita –,
Estava escrito: “Tudo vale a pena!”
E mais embaixo: “Se a alma não é pequena!”
Partimos – sim – de lá maravilhados
Com todas essas coisas do passado,
Depois de muito Andar sem mais ver nada,
Nós vimos, pela frente, uma entrada,
Então paramos para descansar
E ouvimos uma voz a nos chamar:
“Sejam bem-vindos seres sem maldades!
Se acheguem mais na casa do bom Hades!”
E caminhamos feitos uns palermos
Entrando mais e mais pelos infernos,
E vimos os horrors do orgulho…
Gemidos com orgias e barulhos…
Sorrisos, gargalhadas dos demônios,
Hospício! Que loucura! Manicômio!
Fugimos o mais rápido possível
Daquele luga quente, frio, horrível.
(continua…)