A MUSA DA NOITE
O pálido luar que me observa
Atrás das persianas do meu quarto
Ilumina-me, transborda-me, anima-me
Das mesmices que me deixam farto.
Grande olho pela janela
Que tardiamente me inquieta
Além da plenitude incerta
Olha-me e me desconserta.
Cinza prateado acolhe o azul
Era a mãe cósmica a ninar suas crias
Estrelas cadentes surgem ao sul
Numa cantiga, antídoto às noites frias.
Luz do céu refaz o fogo lunar
Abrasa-me solitariamente sem cessar
E assim eu me ponho a escrever
Que de poesias enche meu lar.