Dominicálida
Há de ser
mansamente
o domingo de calmaria
depois das noites
esculpidas em almofadas
de soro e fel analgésicos
em inchaços etílicos,
promissórios.
Meu pai no precipício
verde do oitavo andar,
o passo trôpego,
antessala do prisma da minha
vida verdadeira.
Cálidas horas insones
de mansuetude forçada
em que raras são as partículas
de frestas em ondas
no todo da Centelha,
dominicálida,
na pose relaxada
da mulher bendita,
na estreita hora do descanso
depois da tormenta turva,
tarde de piscina,
travessuras anímicas das meninas,
juventude de contraste
dos brancos cabelos ralos
e revoltos de meu pai.
Meu pai ainda aqui
na terra da compaixão,
em expectativa de mais
um domingo,
mais um domingo
que seja sereno,
fluido
e são.
A cura é a mentalização
nas fendas quânticas
das moratórias.