Chagas caladas
No árido campo desta vida
Do nada cai a luz em orvalhos
Através do sangue das feridas
Destas chagas tristes que calo.
Que estranho entardece o halo
Desta noite insone e tão sofrida?
Pela fímbria do tempo resvalo
À sombra da castidade não vivida.
Quem entende o que falo
De mim sou sombra seguida
Como a roxa flor em seu talo.
E se eu suponho a hora existida,
Também me anoiteço em valos
Na cinética partida não vivida.