Esfinge

Respeito-a mas não a temo cara esfinge

Sua misteriosa sedução não mais me atinge

Minhas próprias regras você não infringe.

Preparei-me muito para nosso encontro

O mais que pude para ousar estar pronto

Não dava mais para adiar nosso confronto.

Vim aqui disposto a plenamente lhe decifrar

Camada após camada, lentamente descascar

Debaixo de suas inúmeras capas, o cerne encontrar.

Nada de me enganar com portas entreabertas

Moldei as complexas chaves nas perguntas certas

Sei que a verdade não é vista através de simples frestas.

Seus enigmas me confundem mas não abalam

Minhas experiências adquiridas tomam a frente e falam

Meus fantasmas e demônios jamais se calam.

Sei que tudo que quer é apenas me devorar

Meu corpo a alma a sua legião adicionar

Lamento, hoje irei irreversivelmente lhe decepcionar.

Não existe mistério maior do que eu

Fé inabalável e irrestrita num coração ateu

Nem o tempo em nenhuma era já me venceu.

Eu quero o que você não ousa mostrar

O conhecimento que tem medo de compartilhar

A verdade que insiste e persiste em aprisionar.

Eu desejo o que nem mais lembra possuir

O mapa daquele caminho que temeu seguir

A história da qual temerosa, quis fugir.

Eu tenho a pergunta que ainda não foi formulada

A resposta improvável jamais Dante pronunciada

O segredo da noite que não finda pós madrugada.

Se diante do exposto ainda quer me perguntar algo, faça

Pense bem enquanto acabo de beber o conteúdo da minha taça

É sua última chance, logo você será apenas uma lembrança na fumaça...

 

Ello
Enviado por Ello em 10/10/2020
Código do texto: T7084260
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.