Esfinge
Respeito-a mas não a temo cara esfinge
Sua misteriosa sedução não mais me atinge
Minhas próprias regras você não infringe.
Preparei-me muito para nosso encontro
O mais que pude para ousar estar pronto
Não dava mais para adiar nosso confronto.
Vim aqui disposto a plenamente lhe decifrar
Camada após camada, lentamente descascar
Debaixo de suas inúmeras capas, o cerne encontrar.
Nada de me enganar com portas entreabertas
Moldei as complexas chaves nas perguntas certas
Sei que a verdade não é vista através de simples frestas.
Seus enigmas me confundem mas não abalam
Minhas experiências adquiridas tomam a frente e falam
Meus fantasmas e demônios jamais se calam.
Sei que tudo que quer é apenas me devorar
Meu corpo a alma a sua legião adicionar
Lamento, hoje irei irreversivelmente lhe decepcionar.
Não existe mistério maior do que eu
Fé inabalável e irrestrita num coração ateu
Nem o tempo em nenhuma era já me venceu.
Eu quero o que você não ousa mostrar
O conhecimento que tem medo de compartilhar
A verdade que insiste e persiste em aprisionar.
Eu desejo o que nem mais lembra possuir
O mapa daquele caminho que temeu seguir
A história da qual temerosa, quis fugir.
Eu tenho a pergunta que ainda não foi formulada
A resposta improvável jamais Dante pronunciada
O segredo da noite que não finda pós madrugada.
Se diante do exposto ainda quer me perguntar algo, faça
Pense bem enquanto acabo de beber o conteúdo da minha taça
É sua última chance, logo você será apenas uma lembrança na fumaça...