Aurora e Vento

Te contemplo tanto que de mim fico ausente,

Te admiro tanto que meus olhos ficam incandescentes,

Teu rosto é tão gracioso que me perco em teu ser reluzente,

Te amo tanto que fico coerente,

Te vislumbro, minha amiga, quando emerges do seio das águas correntes,

Te vejo e te encontro além dos céus e infernos ardentes,

Te amo em segredo,

Te amo nos sussurros das grandes paixões pungentes!

Tua voz é minha meiga semente,

Teu informe corpo são divinas torrentes,

Tua boca é cheia de enchentes

de águas sagradas e indulgentes.

Te amo tanto que fico incoerente,

Te amo tanto com todo esse meu amor cheio de excessos e de loucuras inocentes,

Te amo indubitavelmente,

Te amo prolixamente,

Te amo silenciosamente,

Te amo idiotamente,

Te amo racionalmente!

Na trevas da iluminação, te adoro nirvanicamente,

Nas sinfonias do silêncio, te amo musicalmente,

Nos infernos da solidão, te amo divinamente,

Te amo com todos os pecados praticados castamente e inocentemente,

Te amo como um bobo-platônico- imbecil-retardado: intensamente eu te amo,

Te amo incessantemente...

Te amo e você não deve me amar propositalmente,

Ainda que estejamos ligados eternamente,

Ainda que estejamos predestinados teologicamente,

Ainda que nossos corpos se desejem e se adorem tão vivamente, tão intensamente,

Jamais me ame,

pois Tua Alma é o fogo da liberdade

Que sempre deve voar além e além...

livremente!

Amor, tuas feridas são as lágrimas do vento,

Teus tormentos são quem és: arrebatamentos!

Me acorde no vazio cheio de tardes e manhãs,

Tu és as auroras de lágrimas e de flores eternas e vãs!

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 05/10/2020
Reeditado em 23/10/2020
Código do texto: T7080515
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