Retornando...

Já perdi a conta de quantas vezes eu morri

Só sei que após cada uma, eu me reergui

Se existe alguma fórmula para isso, esqueci.

Morri a cada vez que o sol se despediu

A todo castelo no ar que construí e ruiu

Ao mais ínfimo desejo que entre brumas sumiu.

Morri quando entendi que não sou eterno

Quando percebi que havia conhecimento além do meu caderno

Que existiam outras estações além do verão e do inverno.

Morri ao beber do Amor na velha fonte

A entender que havia muito além do horizonte

Ao perceber que teria que descer depois de subir o monte.

Morri a cada mudança de maré ou lua

Ao me ver perdido no meio da rua

Ao perceber a verdade na sua forma mais crua.

Morri por inveja da primavera

Por lutar por uma antiga quimera

Por não suportar uma longa espera.

Morri quando não tive outra opção

Quando me faltaram forças e chão

Quando reconheci que a vida é uma ilusão.

Morri para que o ciclo se fechasse

Para que o Tao refizesse o encaixe

Para que minha essência perdida retornasse.

Ello
Enviado por Ello em 20/09/2020
Código do texto: T7067959
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