HOMO CÉTICO

No espaço que apenas o desejo

do olhar decifra, a frágil

inércia de um significado

sem alma.

Gestos que afastam o

corpo de si mesmo.

Emanam hesitações poéticas,

estilhaços cogitados imunes a

contextos, temporalidade

sem morte, cor sem luz.

O que seria o ser sem

a verdade, e a verdade

sem o ser.

Apenas movimento exterior,

poente definitivo,

despedida formal,

beleza sem espectadores

legítimos.

Simples brevidade,

irreversível silêncio,

vitrine gélida de feições

previsíveis.

Somente o que se repete,

metáfora cinza,

afetividade em contratos.

O ser sem o facho

infinto, sem o pulso

perene que entrega

a sensibilidade ao que

é.

Não mais é que

a celebração do decompor

Habitante da pura dor

Água rebelde ao ciclo,

qualquer coisa exilada no nada

Rafael Gustavo Vieira
Enviado por Rafael Gustavo Vieira em 19/09/2020
Reeditado em 19/09/2020
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