AINDA AQUI

AINDA AQUI

Olhar o silêncio, perdura as cores, os sonhos,

a ilusão de possuir, o encantamento do ralo

na fronteira entre nada e chão. Escoando o

que passa, entrelaçando a realidade impessoal

à lágrima. O medo da semente que morrerá

duas vezes...Ou nunca...

Talvez o calendário, imagem da vida,

o contato do dedo no papel adianta o

horizonte no pensamento, concebe

o esboço de um passo assimétrico.

ou de um afeto indomável.

O vínculo intimo entre espelho e tempo.

no ritmo recíproco do que não é infinito.

A névoa interior convence o gesto

a insurgir contra a primazia das palavras

e nos resgatar do vazio público do fechamento.

O êxodo do ser, clandestino, nutre

seus mistérios auscultando o vento.

Eterniza a bolha de sabão, e sabe

que a direção da vida não faz caso

de argumentos. No papel... é requisito

da estética o atrito. Ou o ciclo sigiloso

da ausência... a amplitude da percepção...

no contexto concentrado da essência..

Rafael Gustavo Vieira
Enviado por Rafael Gustavo Vieira em 18/09/2020
Código do texto: T7066448
Classificação de conteúdo: seguro