Já não há
Para Fabiane
Meu primeiro pensamento
do dia é em ti,
para ti
e, por fim,
já não há.
Já não há sua presença
junto à janela de vida repleta
de significados
e me abarca,
enlaça num aperto
de garganta e lágrimas cristalizadas.
Já não há.
Há de ser que em um assustado dia
que retornarás no esplendor
da porta aberta,
chaga vívida, mente alerta,
de um singelo revoar
e eu, enfim, sadio
e calmo,
pulso firme, traço raro,
estarei aqui.
Sempre aqui a te esperar.
Já não há
dúvida, dívida e arrependimento.
Já não há.
O espaço aqui, tão frio e lento,
escura fenda do tempo,
já não há.
Horas amargas,
amarradas grenhas,
absurdas buscas nos becos incertos do desatino
e a certeza de uma perdição que
já não há.
A atmosfera lá de fora,
onde a tristeza sempre aflora,
lá no passo do futuro
e o agora, nave refeita,
é de enlevo,
fino sentimento, uma esperança
que impera, quimera perfeita,
certa de perdão.
Morte e finda,
sem demora,
já não há.
Breve,
breves nossas vidas,
breve remoçar de dores
e perdas desunidas
já não há,
amor infinito meu,
já não há.