Indefinível
Sou bagunça que nunca se organiza
Tenho tudo e nada que se precisa
Sou furacão mas as vezes mera brisa.
Sou incongruência que não acha resultante
Sou todo, inteiro pelo menos por um instante
Mesmo assim nem sempre sou o bastante.
Sou verdade, mas aquela que não se pronuncia
Sou surpresa que ninguém espera ou anuncia
Sou lua cheia no zênite no meio do dia.
Sou errado embora eventualmente me julguem certo
Sou cadeado, lacre no que deveria permanecer aberto
Sou névoa, bruma, escuridão, tudo que há de incerto.
Sou resposta mas não a do questionamento feito
Não concorro a nada, mas sou sempre eleito
Sou feitiço que jamais pode ser desfeito.
Sou o que está a mostra mas não tem preço
Sou o que pareço embora possa estar do avesso
Não sou fim nem meio, muito menos o começo.