A onda
Um sonho
e uma onda enorme
se eleva e paira
nos céus estáticos
e disformes do mundo, da vida.
Céus cerebrais de sono pela manhã que se queira mais quieta e sem fim e sem fim e sem fim e fim. Tudo tem um fim?
Ameaçadora onda
que emoldura o espaço fragmentado do sonho
e desaba no estilhaço de rememorar
e ondula
e desce,
lavando tudo.
Renova seu lamento,
melhor rememorando,
encerra seu lamento.
Lamento.
A onda é verde
em imóvel crista,
ascendente muro espargido,
translúcida,
que irrompe,
potente cadafalso de eras.
Que oprime, esgana o ar
e dança antes
de desabar sobre dores
e a incerteza do acordar.
Ardem
películas arranhadas
e prontas,
exatas
para um novo olhar sem lágrimas
e expectativas.
Não há mais expectativas
depois da onda.
Aconteceu.