O despertar no grito da andorinha

A melhor coisa que me aconteceu

ontem, à tardinha,

foi o grito da andorinha.

Até agora o asfalto

que a bicicleta lambia

ressoa o grito.

As arvorinhas, irmãs do barro, namoradas do vento,

assustaram a pequenina

que pousou no fio da eletricidade.

Estancou meu olhar atônito

de códigos agorinha

e eu não atinei bem.

As pedaladas exaustas

de minha alma cansada

evaporaram-se no azul.

O céu atrás do cenário

desabou como o grito novo:

andorinha felicitou a morte.

Num choque espremido

que me lembrou, esbaforido:

estou vivo, estou vivo!