PSIQUE. A BELA ADORMECIDA
No poema Eros e Psique, Fernando Pessoa relata a aventura do Príncipe fadado a procurar pela Princesa dormida. Depois de vencer estrada e muro, chega, o infante, onde ela, encantada, dormia. Ao levantar a hera a lhe cobrir todo o corpo, com surpresa constata ser ele mesmo a Princesa dormida.
Na mitologia grega, Psique é a personificação da alma, a ser desperta de um sono encantado; Eros, o deus do amor, o Príncipe, que a acordaria.
Tanto no poema como na passagem mitológica, vislumbra-se uma consciência adormecida, a se confundir e identificar com um espírito, que poderia estar desperto, completando-se, numa incessante procura por conhecimento e verdade.
Existe dentro de cada ser humano essa figura encantada, encoberta, escondida, querendo se manifestar.
A lapidar frase inscrita no templo de Delfos, consagrada pelo filósofo grego, adquire um significado amplo. Um mandato a vir das profundezas do ser humano, convidando-o a descobrir e conhecer aquele ser dentro dele próprio: sua natureza espiritual e superior; a criança que luta por manifestar-se, continuar a existir; ele mesmo em sua condição divina e super-humana.
Nagib Anderáos Neto
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