Encontra-me, fé
Está descrito em dizer
No meu corpo a fundar
O clamor em saber
Meu destino a findar
Na oração me declamo
Sem tempo a rezar
De um terrível desencanto
Anseio em breve terminar
Vida coibida a fadar
Descreve minuto s a falar
Se torna mistura de olhares
Mesmo quando me levar
A morte por escolha
Sem pudor ou seleção
Me enerva numa bolha
Recolhido em solidão
Desarma-me sem forças
Instigando um maldizer
Pendurando-me numa forca
Que romperia o meu sofrer
Onde está a fé nisso tudo?
Acredito não saber
Ainda na dor, já sepulto
Talvez buscasse oferecer
Um vestígio de palavra, amargura
Produz na alma, uma loucura
Eu, pobre criatura
Suplico a Deus, prece pela cura
No deserto de meus dias
Amanheço abraçado ao martírio
Sem instantes ou companhia
Esperando um último suspiro
Está o vestígio, palavra
No silêncio, que exala
Repousado desejo, destrava
Liberta da dor, antes que eu faça
Fazer do meu sofrimento, canal
Redenção, detalhe, substancial
Declínio subjetivo, sem final
Por traços repentinos
Amanheço, sem anseio real
Busca última, fé abalada
Resgate no prenúncio, uma luz
Angústia adormecida, fadada
Diz de um clamor que reluz
Perdido no vazio, sem nada
No final, um suplício
Anseio, medo da condenação
Mas em dor, destituído
Seria pior do que a solidão?
Peço perdão por não resistir
Na oração me despido a suprir
Um socorro abafado à seguir
Rompendo-me da vida, sem pedir
É estranho, mas ainda revolta
Encontro com o desencontro a fluir
Segui um caminho sem volta,
Sem imaginar o que está por vir
Nesse estado, ancorado presídio
Incerteza, dores, nenhum vestígio
A morte condena, relevado hospício
Rompido na morte,
Meu próprio suicídio
Poesia feita para um evento sobre "A visão das religiões sobre o Suicídio"
Roberto William Dantas da Silva – 24/09/2018