Contagem Regressiva

Eu já nasci nômade, migrei do ventre seguro de minha mãe para pular de cabeça em um mundo incerto. Inquieto, nunca quis ser latifundiário de lugar algum. Liberto, esperei impacientemente o crescimento e a maturidade que deliciosamente me cativou costurando feridas, calejando e ensinando-me a ter fôlego. Louco, busquei sentido em todos os lugares pra encontrar a verdade dentro de mim. A verdade, criança contente, me diz todos os dias que não posso parar de sonhar. Entre devaneios e sinceridades a angústia e a ansiedade merecem reverência, são termômetros marcando o rastro de minha vida. Nessa queda livre, 32 anos de pura magia ainda me encantam. O menino, continua correndo, vai em busca do que quer e não mede esforços quando quer inventar brincadeiras de recriar o tempo. O menino, cuida mais de mim do que eu dele, é brincando que ele me ensina a "suportar os espinhos". Ele me desprograma todo, me deixa errar, passar vergonhas e me ensina a não ter medo de existir. O menino é mais sábio que eu e sempre me aconselha: Nem ontem, nem hoje, nem nunca. O tempo de ser é agora.