Trajetória.
Somos concebidos à partir de uma dualidade.
Visitantes somos nesse terreno grande e nessa possível realidade.
Que possamos ser dignos da liberdade de poder pisar
A planta de nossos pés Nesta que nos acolhe ao caminhar.
Vejo de um lado destruir,
Dou outro lado ruir
Muita coisa que antes fora
O fundamental para existir.
Todo esse drama parece ineficaz
Para uma antiga realidade que ainda se desfaz.
Passado foi tudo isso aqui comentado.
No presente agora estamos rumo a um futuro atolado.
Confesso que vontade aqui nunca faltou
De poder desfazer e ver que tudo recomeçou.
Porém, essa é a voz do ego
De querer tirar do mundo tudo que foge do mero.
Ao acordar pela manhã noto que acontece
Aquilo que eu quis em silêncio em minha prece.
Todos os dias amanhece e anoitece
Mais um dia surge, majestoso ele se tece.
Sempre é um recomeço
E se parar pra ver
Cada minuto que se passa
É mais uma chance de renascer.
Assim pude perceber
Que não era o mundo externo
Culpam o mundo a fora
E inocentam o mundo interno.
O todo é feito de partes.
Se as partes são ruins
O todo consequentemente
Impossivelmente servirá de inspiração para uma pintura de nanquim.
Setenta, oitenta, noventa, cem.
Idade biológica, simples detalhe, nem tanto convém
Dar importância à essa circunstância.
Mas convém ouvir a voz do silêncio que nos guia à distância.
Trajetória vem, trajetória vai.
Passo a passo um dia a menos ou dia a mais que se esvai.
Independente do que for, é sempre bom tornar
Sua trajetória um bom caminho a se trilhar.
Que cada um de nós possamos sempre ver
A beleza no horizonte a fora até o eterno anoitecer.
Mas enquanto não anoitece, outras manhãs virão. Anda!
Vai em frente e ouça a vida que te chama em silêncio com sua voz branda.