À duras penas

Há muita carga, ainda,

dessa tinta escura e densa

na caneta que meus dedos,

presos pela força do apego,

insistem em não soltar.

De modo que toda transparência

obtida ao final dos verbos e predicados,

no inverso sentido dos versos

nessas paralelas linhas,

ainda são e formam pautas

no caderno em branco

que um dia fui.

Esse simples e eterno diário,

já por tantos rascunhado e carimbado,

cujas medíocres e meras pausas

conseguidas à duras penas,

nunca se tornou silêncio de verdade,

nem tampouco almejou

produzir aplausos ou sequer trilogias.