Palavras rasgadas.
Versos moídos.
Rimas trituradas.
Palavras moídas.
Versos rasgados.
Rimas trituradas e caóticas.
No liquidificador da memória
a espalhar
lembranças e saudades.
Em parte do bilhete
havia fragmentos de amor.
E esse era todo o amor do mundo.
Era a única janela para a humanidade.
Em parte do bilhete
falava em segredos, em magias
e torturas.
A dor é mestra do destino.
E nas pegadas enxarcadas de sangue
havia uma batalha injusta.
O perdedor sabia que geneticamente
perderia para sempre.
Hesitaria.
Seria o troféu do outro.
Impresso em páginas
havia a caligrafia distinta
tingida por sentimentos e
borrada por lágrimas.
Quanta dor se pode suportar?
Quanta indiferença se é capaz de se cometer?
Quanta vergonha se consegue sentir?
Você nunca me escreveu uma linha sequer.
E eu lhe dediquei dúzias de palavras,
frases e parágrafos...
Linhas tortuosas
em silêncio intenso.
Uma alma inteira enterrada sob
a grafia inútil de sentimentos.
Palavras rasgadas...
Rotas, velhas e ultrapassadas.
Eram minhas?
Foram minhas?
Jamais seriam...
Quem poderá se adonar delas?
Quem poderá decifrar os meandros
misteriosos da dor?
E descrevê-los
com a precisão cirúrgica.
Cortá-los generosamente com bisturi...
Suturá-los com linha de carneiros
que choram ao morrer.
E nós, que choramos
exatamente para sobreviver...
Somos vítimas e algozes.
Somos caçadores e caça.
Somos o alvo e o atirador.
As vezes a flecha faz a curva.
As vezes miramos o improvável.
E, acertamos o impossível.
Impossível reconstituir
essas palavras
Impossível retornar
a esses sentimentos
Há um adeus definitivo
em palavras mortas,
em línguas mortas
mors, exitium, obitus,
mortem
Dies mortuorum
mortua
mortuus
Fósseis temporários
de uma lembrança viva.
Carne dada aos vermes
Caro Data vermibus
Poesia:
anjo dado ao inferno
Para alegrar-se.
Para bastar-se
até diante de palavras rasgadas
permanecem
com sentido indelével.
Versos moídos.
Rimas trituradas.
Palavras moídas.
Versos rasgados.
Rimas trituradas e caóticas.
No liquidificador da memória
a espalhar
lembranças e saudades.
Em parte do bilhete
havia fragmentos de amor.
E esse era todo o amor do mundo.
Era a única janela para a humanidade.
Em parte do bilhete
falava em segredos, em magias
e torturas.
A dor é mestra do destino.
E nas pegadas enxarcadas de sangue
havia uma batalha injusta.
O perdedor sabia que geneticamente
perderia para sempre.
Hesitaria.
Seria o troféu do outro.
Impresso em páginas
havia a caligrafia distinta
tingida por sentimentos e
borrada por lágrimas.
Quanta dor se pode suportar?
Quanta indiferença se é capaz de se cometer?
Quanta vergonha se consegue sentir?
Você nunca me escreveu uma linha sequer.
E eu lhe dediquei dúzias de palavras,
frases e parágrafos...
Linhas tortuosas
em silêncio intenso.
Uma alma inteira enterrada sob
a grafia inútil de sentimentos.
Palavras rasgadas...
Rotas, velhas e ultrapassadas.
Eram minhas?
Foram minhas?
Jamais seriam...
Quem poderá se adonar delas?
Quem poderá decifrar os meandros
misteriosos da dor?
E descrevê-los
com a precisão cirúrgica.
Cortá-los generosamente com bisturi...
Suturá-los com linha de carneiros
que choram ao morrer.
E nós, que choramos
exatamente para sobreviver...
Somos vítimas e algozes.
Somos caçadores e caça.
Somos o alvo e o atirador.
As vezes a flecha faz a curva.
As vezes miramos o improvável.
E, acertamos o impossível.
Impossível reconstituir
essas palavras
Impossível retornar
a esses sentimentos
Há um adeus definitivo
em palavras mortas,
em línguas mortas
mors, exitium, obitus,
mortem
Dies mortuorum
mortua
mortuus
Fósseis temporários
de uma lembrança viva.
Carne dada aos vermes
Caro Data vermibus
Poesia:
anjo dado ao inferno
Para alegrar-se.
Para bastar-se
até diante de palavras rasgadas
permanecem
com sentido indelével.