Contaminação pública
Súbita
Um golpe narcísico.
A razão retilínea
caminhando na sinuosa brisa.

A desrazão convexa
incidindo no espelho raso.

Há profundidades em gotas de orvalho
Há antiguidade no gesto de ontem.
Há atualidade na hesitação gritante.

Somos afirmações em paradoxos.
Somos contradições afirmativas.
Somos sensitivos e racionais.
Cartesianos e românticos.
Pois acreditamos na luz que 
os olhos querem ver.
Mas, as trevas entremeiam tudo.

Há casamentos dissociativos.
E desuniões cooperativas.
Há ausências clicadas por máquinas.
E segredos registrados na criptografia.

Esse contágio poético.
A humanização absurda
Onde tudo é número, é valor
e pode ser medido ou dimensionado.
Há perímetros mentais invadidos.
E dominados pelo poder.

Há tendências retas.
E retas tendenciosas.
E os atalhos seduzem 
pelo precioso tempo.

Tempos perdidos.
Elos partidos.
Retratos falados.

Há um delito
em ser poeta...
Em furtar o lirismo das pedras.
E humanizá-las
absurdamente.

Afinal, é o contágio
incessante e incurável
de ser e ter a poesia cotidiana
A rendenção lírica
para uma justiça do acaso.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 15/01/2016
Reeditado em 15/01/2016
Código do texto: T5511511
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