Torvelinho

é o tempo que nos cultiva

as flores e os espinhos

sozinhos ou algemados

as flores são passatempo

os espinhos contratempo

e os olhos destemperados

acusam tal torvelinho

da inocente alma que erra

nessa guerra temporal

pobre vida em desalinho

no cadinho em que se encerra

por toda a vida na terra

desce morro sobe serra

qual cavaleiro templário

percival imaculado

espírito abnegado

a buscar o seu graal

na extemporânea aventura

desconhece a arquitetura

do mestre que solitário

esculpe-nos cintilante

a pedra filosofal

germinal cálice errante

vai o néscio diligente

sem entender que o caminho

temporário e tão mesquinho

não lhe pertence afinal

pois é do tempo a semente

e o homem recipiente

do alquimista universal

Helenice Priedols