Uma Gota Noturna

Uma gota de sêmen é vertida pelos olhos tristes da noite,

Cai agonizante no desértico asfalto da rua.

Essa gota grita, se convulsiona, clama, chora em vão,

E o silêncio a asfixia com as próprias mãos sem hesitar.

Compadecido (sob o testemunho da fria luz abandonada do luar)

O vento volve, entre os próprios braços, o cadáver da gota noturna,

E a transporta maternalmente para o útero de um silêncio esquecido,

Onde todos os solitários, suicidas, apaixonados e incompreendidos

Estão reunidos na última perpétua ceia do amanhecer

De seus profundos, insaciáveis, insanos, mas vívidos e misteriosos

Corações sedentos de amor e amparo os quais jorram

Cálices apolíneos desses renascimentos que brilham

Nas profundezas de suas almas herméticas, confusas e floridas.

E as portas do Paraíso Perdido e Esquecido

Acolhem sem julgamentos e com os braços abertos

A todos os olvidados e vilipendiados pela vida e pela morte.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 15/07/2015
Reeditado em 15/07/2015
Código do texto: T5311848
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