Exclua-me de sua lista
Não participo de rol e nem de motins
Renego o jogo da identidade forçada.
Da união casuísta e oportunista
De todos contra tudo.
Ou de tudo contra todos.

As maiorias são equívocos numéricos.
São zumbis kamikásicos
prestes a explodir,
a explorar, a serem manejados
como gado 
em direção do abate.

Exclua-me de sua lista.
Não quero ter companhia.
Não quero ter pares...
Talvez deseje os ímpares,
os números primos entre si.

As inequações insolvidas
da  guerra metafísica em busca de 
santidade e sobrevivência.

Não pactuo com olhares tácitos,
com adesões sub-reptícias,
com entrelinhas enigmáticas.
Que dizem apenas
o que não desejam dizer.

Não pactuo com o assédio fácil
de palavras de ordem.
Odeio ordens. 
Comandos e vetores
que insolentes desconhecem 
a força centrípeta,
o eixo de simetria
e o equinócio secreto 
do século vinte e um.

Onde tudo foi líquido.
E, agora só existe no vapor da
lembrança.

Não me conte sobre fórmulas mágicas.
Nem me revele os segredos 
que não quero descobrir.

A miséria é mais palpável que a infância.
A necessidade o único ato honesto e humano.
E, o verbo...
sua redenção absoluta
ao movimento pendular
de pernas, vida e decepções.

Não me moleste com suas certezas agnósticas.
Com a âncora esquecida do navio que 
já afundou.
Com a derradeira mensagem que 
de tanto lida,
 ora completamente esquecida por
ser mordaz.
Por ser final.
Por ser  a última
para quem ainda prossegue.

Deixe-me mofar com as próprias ideias.
Porque do bolor, faço poesia.
Escrevo contos.
Desenho alegorias.
Para uma alegria que não há.
Inclua na sua lista:
esquecer-se.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 02/06/2015
Reeditado em 02/06/2015
Código do texto: T5263775
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