sereno
sinto-te porque meu corpo
rasga a cortina do teu corpo
caio no calabouço dos olhos
tateando a escuridão
e tua umidade faz aluvião
na vagueza do chão.
mata-me a sede
em cada poro
uma gota de ti adentra
e me afoga sem ruídos
que digam de tua presença .
o vento te respinga sem cheiro.
te revira sem contornos
noite adentro
te deitando em arvoredos
crepusculando gotas
nas pontas dos dedos
acolho-te
em pétalas
em pétalas
de segredos.