Busca ontológico-filosófica
Na minha angústia muda, mas eloquente,
Quisera eu conhecer a essência humana!
Inglória busca de um filosofar inconsequente,
Visto que, mais e mais, só incerteza promana.
O muro que te protege e te defende
É o mesmo que, a um só tempo, te inibe e te enclausura.
Inglório e exíguo demais é o espaço que impende
Entre o início no berço e o fim na sepultura.
É boa, por acaso, esta busca ontológico-filosófica?
Ah, sei lá!... É por querer mesmo que digo loas ao vento,
E, ao léu de devaneios sorumbáticos, soturnos,
Quero negar, como nego, a hegemonia do pensamento.
Lembro, porém, que bem já o disse um pensador
– quando o fez e em que circunstância eu não o sei –
Conquanto o tenha aprendido no parecer do fiscal da lei:
“o mesmo cubo pode servir de pretexto para efeitos de sombra e de luz”.