Poema sem lógica II
Volto à rua vazia, mas agora
a rua não tem vitrine,
a rua não é mais vazia,
pelo contrário, a rua assusta de tão cheia,
não me encontro mais;
por todos os lados, pessoas correm,
ninguém me olha nos olhos,
mas todos me olham (sabem quem eu sou?).
Uma certa ânsia toma conta de meu ser,
há um turbilhão de pensamentos
que me apunhalam por todos os lados.
Grito desesperado, o grito mudo,
dado por dentro, na garganta do coração.
Os sons do carro desvairado voltam a me atormentar.
O que aconteceu à minha rua?
Não sei, agora, a rua vazia está cheia,
cheia de um vazio intenso,
uma neblina indissipável.