QUEM TE OLHOU NOS OLHOS (*)

(dedico a minha querida amiga poeta Zuleika dos Reis)

Quem Te olhou nos Olhos,

ouviu a canção das nuvens,

executada nas cordas solares.

E viu os lírios do coração se abrirem.

E naquele momento, sentiu

os justos se perderem de suas angústias

e as astúcias dos pensamentos

se converterem em serenos faróis.

Decifrou ele, em Teu Olhar,

os veios profundos

que no infinito desenham as estrelas,

teto de um mundo

que ainda vale a pena,

quando há no Ser o sonho

de reencontrar o verdadeiro lar.

Quem Te olhou nos Olhos,

sabia que estava diante do manancial solar,

maestro da lua, do mar

e de todos os vales profundos

onde ainda respiram os náufragos

e os insensatos passos dos absurdos.

Ao fitar Teus Olhos,

com certeza alimentou-se dessa aurora

e vestiu-se de gente pela primeira vez,

estreando a vida,

sentindo-se sagrada e ascendida criatura,

seiva da terra remida.

Aquele que Te fitou os Olhos

fez de si mesmo uma candeia eterna,

consciente de que ao olhar o próprio céu,

humanamente auto-gerou luz à sua hora

e enfim, se reconheceu.

Quem Te olhou nos Olhos

recebeu asas para a caminhada

ao longo dos séculos.

Nasceu.

(Direitos autorais reservados)

(*) republicação

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 07/12/2013
Reeditado em 07/12/2013
Código do texto: T4602384
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