Poema Zen
E no tédio pousou
com coragem ali ficou
na almofada ali sentou
relaxou, respirou
e a si mesmo encarou
pensamento veio e como borboleta voou
emoção chegou, só olhou, só respirou
e como chuva de verão logo passou
quase cochilou
mas logo acordou
incômodo, dor, coceira, corpo reclamou
não deu ouvidos, imóvel continuou
pois nada disso eu sou, pensou
e a si logo voltou
então pupila adentro, olhou
nada encontrou
nem triste nem alegre, somente observou
encheu-se do Vazio, do resto se esvaziou
sentiu o som do silêncio e com ele silenciou
já não era mente nem corpo, e disso se distanciou
com o nada e com o tudo acasalou
consciência cresceu, com o mar do Todo se deparou
pulou, mergulhou, afundou
oceano se tornou
nem vida nem morte, nem sombra nem luz, nem antes nem depois
não era ele nem ela, não era eu nem você, jamais será, jamais foi
não se purificou, pois jamais se contaminou
e ainda impuro, não santificou nem se iluminou
ali não estava, mas ali mesmo ficou
jamais adormeceu, por isso não despertou
a mente caiu no chão, quebrou, estilhaçou
cacos de almofada,
cacos de corpo
cacos de sala
cacos de mente
cacos de lua
cacos de bicho, de estrela e de gente
tudo isso estilhaçou
tudo isso ali deixou
tudo isso eu não sou
e tudo isso Eu Sou
em nada estou, em tudo Estou
da mente estilhaçada, o Ser jorrou:
Sagrada Presença Eu Sou
N a m a s t ê