Poema Zen

E no tédio pousou

com coragem ali ficou

na almofada ali sentou

relaxou, respirou

e a si mesmo encarou

pensamento veio e como borboleta voou

emoção chegou, só olhou, só respirou

e como chuva de verão logo passou

quase cochilou

mas logo acordou

incômodo, dor, coceira, corpo reclamou

não deu ouvidos, imóvel continuou

pois nada disso eu sou, pensou

e a si logo voltou

então pupila adentro, olhou

nada encontrou

nem triste nem alegre, somente observou

encheu-se do Vazio, do resto se esvaziou

sentiu o som do silêncio e com ele silenciou

já não era mente nem corpo, e disso se distanciou

com o nada e com o tudo acasalou

consciência cresceu, com o mar do Todo se deparou

pulou, mergulhou, afundou

oceano se tornou

nem vida nem morte, nem sombra nem luz, nem antes nem depois

não era ele nem ela, não era eu nem você, jamais será, jamais foi

não se purificou, pois jamais se contaminou

e ainda impuro, não santificou nem se iluminou

ali não estava, mas ali mesmo ficou

jamais adormeceu, por isso não despertou

a mente caiu no chão, quebrou, estilhaçou

cacos de almofada,

cacos de corpo

cacos de sala

cacos de mente

cacos de lua

cacos de bicho, de estrela e de gente

tudo isso estilhaçou

tudo isso ali deixou

tudo isso eu não sou

e tudo isso Eu Sou

em nada estou, em tudo Estou

da mente estilhaçada, o Ser jorrou:

Sagrada Presença Eu Sou

N a m a s t ê

Eron Levy
Enviado por Eron Levy em 19/10/2013
Código do texto: T4532622
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