Às mãos de Deus...

...E ele, então, me toma as mãos e os ouvidos..

ao que, pacientemente e com muito gosto aceito;

e me entrega a poesia....

Suas mãos bordam pétalas de luz, pelas minhas..

e ao que tudo indica,

levam coração aos frágeis de alma...

amor aos incrédulos..

ternura aos tristes..

emoção aos amantes...

Suas mãos me revelam segredos,

me advertem perigos,

Sua boca me sopra a luz que me inspira...

Eis o que sou: pobre poeta,

serva devota em meu caminho...

e me entrego à poesia....

e bordo versos e versos

e verso a quem me chego aos pés...

e choro..

lágrimas de poesia..

é um encontro de almas..

é um dom?

Não, apenas sirvo...

É de cima que me vem..

o texto..

o limo..

o corte, que aprimora o verso..

é de cima que me vem a força..

a perseverança..

o berço que me acalenta o frio..

o colo que me desfaz o vazio..

o seio de poeta..

É do Alto..

e é Para o Alto a quem devo a fé,

a dedicação..

e a subserviência...

sempre em busca de mim..

dentro de um mim tão vazio..

e tão repleto dos tudos que eu não dizia..

mas que, pelas mesmas mãos que me guiam..

sai, natural e puro..

sai, porque de amor é feito...

o eu-poeta...

as mãos que me cercam..

um dueto:

às mãos de Deus..

Inês Martins..

[ numa tarde, profundamente agradecida por toda a poesia que se projeta em/ de mim]