Alvo
Nada aconteceu, pois tudo foi ilusão
pensei em ter amado um sonho
mas era como areia caindo
das mãos furadas pelo tempo,
não acredito que não aconteceu...
gotas de liberdade ilusória
jogadas nos recifes da realidade,
tais como lágrimas emolduradas
em palavras vãs.
E quando a noite vem com a sua imagem,
a lâmina da recordação entalha
os traços do seu rosto no quadro da paixão,
então eu lembro quantas e quantas vezes
com os meus lábios áridos senti
as batidas do seu coração.
Uma cortina feita de estrelas desce
no palco da lembrança,
ao ver a sombra do seu corpo
no muro do desejo.
Mas nada aconteceu...
nada do que eu esperava
agora nada me resta, a não ser
pensar nos seus olhos, pela
última vez a me olhar,
como flechas envenenadas
cujo alvo era o meu coração.