Revolucionários
Quem sou eu
Entre a infinidade de sujeitos
De uma infinidade de eras
Ciclos e civilizações
Para falar sobre a vida?
Poeira
Somos poeira no ar
Viventes, mas impotentes
Perante nossa própria natureza
Que nos confere alguma liberdade, quase nada.
Então, quem eu sou?
O ego
Que, entre outros egos, batalha para não ser esquecido
Pois a existência, nesses dias, se resume a ser lembrado
E a ciência torna-se instrumento da vaidade.
Ciência privatizada
Cospe na face da filosofia, a mãe primeira do conhecimento
Elege verdades e as firma tão convincentemente
O mesmo que produz as provas, é o mesmo que as julga válidas
É o materialismo, pai do capital, da tristeza e do ceticismo.
Só o que vale é o concreto, palpável e exato
Tudo que existe além do alcance das normas
É privado de toda legitimidade
Assim como a certidão para nascer
Surge a permissão para conhecer.
O conhecimento tem dono
Tudo o que não gera fama ou dinheiro é rejeitado
Cientistas à venda, conhecimento em liquidação
É a era da razão mostrando a podridão de suas raízes
Tentando incansavelmente nos convencer de que sempre foi assim.
Mas devemos respeitar o ser humano
Mesmo que atente contra a humanidade
Pois no deserto da razão material
Ainda existem fontes de água pura
E aqueles que delas ousam beber.