A princesa e o falcão

A princesa e o falcão

Um tenebroso muro de inação me cerca, a apagar escritos bailantes, blasfemos gritos de minha mente inquieta; venenos que mal fecundei...

Atos, ainda nas fraldas da especulação, jazem natimortos; rotos, a balouçar nos varais de uma infecunda falta de vontade...

Que maldade!!! De minha garganta caótica escoa uma gargalhada tétrica ao pensar sobre a frase feita, sob medida, proferida solenemente pelo emérito pensador de ocasião...

E, ao redor de mim, plateia e ator dessa comédia mambembe, um cardume de vorazes piranhas desfila em seus trajes fulgurantes...

Foi então que eu os vi...

Eu juro que vi, meu amor! À bordo desse carrossel de horrores a que se dá o nome de Vida, eu presenciei uma princesa encantada a perder-se de amores por um falcão...

(Era uma tarde de Quarta-Feira e eu não havia tomado a parafernália de tranquilizantes que o psiquiatra me recomendara peremptoriamente)

Talvez só por isso eu os tenha visto: por não me ter entupido com o receituário aplicado, por um fragmento de tarde em que fiquei lúcido...

Eu vi a princesa a voar com o falcão, a se presentearem mutuamente com as fantasias mais loucas, a deixarem evolar pelas nuvens do céu o doce cheiro de seus corpos em gozo expandido...

Não foi sonho, meu amor...

Eu os vi!!!

Terra dos Sonhos, manhã de Quinta-Feira, Quinto dia depois da Lua Azul de Agosto de 2012

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 05/09/2012
Reeditado em 18/10/2019
Código do texto: T3866477
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.