meias palavras
talvez as minhas palavras
não impressionem a ninguém da banca
por não serem pouco encontradas por aí
ou porque, apesar de serem muito encontradas,
não dizerem o que o pessoal da banca queria ouvir
nunca pensei mesmo
que elas pudessem ter banca,
imaginei que elas pudessem ser brancas,
mas viessem vestidas de vez em quando de preto,
quando eu escrevesse porque a tristeza mandou
palavras que o vento levou – isso eu sabia
que seriam, que eu pudesse colocá-las numa seringa
e jogá-las nas ondas do mar,
pra que não ficasse invejando o The Police’s
“Message in a Bottle”
palavras que se tornassem instantaneamente
uma bíblia pra mim, e um minuto após se dissolvessem,
pra que eu não lembrasse de nada de novo
palavras que nunca chegassem ao povo,
correndo aflito no meio da rua...