Insana Existência
Acordei. Onde acordei? Acordei de quê? Por que acordei?
Preciso me levantar, preciso viver. Mas o que é a Vida
De fato para que eu a ame, e posso vivê-la? Não o sei,
A verdade morta é uma estrela a rugir construindo feridas...
Minhas ideias polígamas são uma catarse de bílis;
Vede em minhas mãos as cinzas de quem eu fui!
Todos os caminhos buscando um refúgio são sífilis
Disfarçadas, e coagidas por nomes que te constitui.
Quem tu és, a fim de que outro tu possas te tornar?
Quando este sadomasoquismo de se viver vai nos exonerar?
Há os abismos infinitos e ignotos entre os “eus” de tua alma
E os coveiros de tuas idealizações que te prometem céu e calma.
Mas tudo jaz morto neste vil mundo tão porco de canalhas,
Nestes versos que exalam lúcidos e realistas pessimismos;
Quando nos tornamos escravos de nossos próprios abismos,
E dissecam nossos corpos com conceitos hediondos de fornalhas.
Fantoche dos amigos, do Governo, do Destino, e do sombrio inconsciente;
Ignóbil soldado ensanguentado por guerras que nunca findarão;
Estercos são tuas palavras e ações no mercantilismo dessa vida doente,
Nessa sociedade paranoica, nesta existência cuspidora de erros e podridão.
Lambendo os mamilos do pecado e dos misticismos,
Nesta geração tão divinizadora da Ciência e do Progresso;
Presos no Domingo alcoólico com suas alegrias e cinismos,
São cobaias do Conhecível e Incognoscível por onde não regresso.
Sei que cada pessoa e algo são e-videntes esfinges
Que podem nos boicotar, nos engolir, e nos iludir.
Mentimos para nós mesmos a fim de confundir
A realidade em si com a subjetividade que nos atinge.
O Mundo e a Vida são múltiplos manicômios transmutados
Os quais fingem que somos as belas primícias da evolução.
Segurança e Liberdade vindos de tudo o que está ao nosso lado
Tanto queremos; é vão seguir os caminhos da Lógica e do Coração.
Gilliard Alves Rodrigues