CULPA*



Noite tranquila, noite que passa...
Na vida de muitos como fumaça...
De lua clara ou escura, calada
Assiste e dá, a todos, sua graça...


À céu aberto nada se esconde...
Tantos a contemplar de longe
Muitos mergulhos em anseios insanos...
Astros, estrelas de encantos tamanhos!


Belezas, tristezas...Tanta efemeridade
A perpassar o homem, sua castidade...
Num reflexo de quem, irrefletidamente,
Deixou-se tocar pela culpa, levemente...


Um sentimento doce, um êxtase eterno...
Internalizando tudo que é externo...
Colocando, o ser humano, no plano astral
E ninguém escapa, pois pra todos é igual...


Fredrich Niezsche (1844-1900) Filósofo Alemão, Em seu grande poema Zaratustra, fala das metamorfoses do espírito.Os homens são camelos que carregam a culpa do mundo (pecado ensinado pelos religiosos), depois se tornam leões rebelando-se contra o passado de culpas e depois tornam-se crianças, esperando renascer numa nova moralidade...

Este poema tenta abordar de leve a questão da culpa enquanto uma das situações-limite de todo ser humano... Não há como escapar da culpa... Aí entra os trabalhos de Analistas, Terapeutas, Psicólogos, Teólogos em geral, para arrefecer a alma atormentada do ser, sempre em descompasso, tirânico com o seu tempo real, biológico... Como Nietsche, falou...
"O sujeito é atemporal não vive o seu próprio tempo..." Por isso
não tem a paz dos animais, estes não vivem o descompasso entre o tempo biológico e o tempo cultural.
E Alceu Valença canta o imaginário popular dizendo"... a solidão é fera, solidão devora... É amiga das horas prima-irmã do tempo
que faz nossos relógios caminharem lentos marcando o descompasso do meu coração... Solidão...".É simples... Os conflitos internos do ser humano o impedem de viver seu próprio tempo, por isto falar é fácil dizer-se: Viva o aqui e agora!... Como? Nos alimentamos de experiências não importa se boas ou ruins... É o nosso alimento...

*Núcleo Temático Filosófico.
Ibernise M. Morais Silva. Recife (PE), 20.10.1969.