Meus sonhos no universo

Com meus navios feéricos atravessarei,

E navegarei, no intenso e escuro mar

Que é o universo profundo.

Passarei e deixarei os vincos

Que todos os pesados navios formam

Ao singrarem os mares maviosos.

Chegarei e certamente encontrarei

Novos seres: seres que terão

A forma poética que o meu coração

Formatará de acordo com suas vontades,

Como a teimosa menina de olhos azuis,

Que impõe, e a qualquer momento,

A satisfação de suas pueris vontades.

Seres que poderão ter flores

Na sua composição, ou, apenas

Serão irradiantes como espíritos

Perdidos num aquário de corações quentes.

Estrelas irão alumiar os meus caminhos

E delas satisfarei a minha ânsia de companhia na

Solidão que é percorrer os caminhos densos

E prolixos da galáxia profunda.

Talvez meteoros avancem contra mim,

E rujam contra os meus sonhos mais

Ternos. Talvez eu tenha que me resguardar

Na carapaça reluzente que é a minha ambição

E minha fé: proteger-me-ei, assim, desses imensos

Meteoros que ao rebentarem contra a minha carapaça da ambição

Tornar-se-ão apenas estilhaços perantes os meus sonhos

Que são formidáveis e intensos como as borboletas —

Que são formidáveis e intensas nos seus farfalhares que suavemente

Acariciam e refrescam o meu cenho esguio e pálido.

E sempre que eu estiver fatigado, quando eu suspirar

Arquejante nos caminhos árduos; que são os caminhos dos sonhos,

Que eu mergulhe ao sol: nadarei nas suas magnas lavas

Que irão me fortalecer e me tornarão ainda mais reluzente.

Do sol tirarei as vestes de ouro que irão adornar

Os meus sonhos e que irão execrar as minhas fraquezas.

E se eu ainda estiver extenuado terei na lua

O meu porto e o meu refúgio, pois que a lua é como uma dama

Charmosa e de saberes vastos; e, então, irei cortejá-la

E amá-la e sorverei de ti longos beijos.

E com a renovação das minhas forças

Continuarei a minha peregrinação ao infinito,

Em busca de algo mais grandioso

Que o grande balão que é o universo:

Irei atravessá-lo, irei furá-lo,

Com as lanças feitas da minha audácia e irreverência;

E irei preencher os espaços, os buracos negros, e qualquer vácuo

Com os meus sonhos, e com o meu amor, que irão expandir

A todo e qualquer caminho, assim como fazem as luzes

Das estrelas divinas:

Pois que o meu coração, pois que a minha vida,

E todo o meu ser é tomado dos sonhos de todos os poetas.