Som eterno de uma mulher
O som não é audível
Faz Tum-tum-tum aqui dentro
E blém-blém-blém aqui fora
E só ela ouve
Quando ela sorri do nada, ninguém para
E ela olha o céu, o sol
Seu rosto é moldura
E só ela ouve o som
Quando ela sorri, nem tudo está bem
É só uma tentativa de estar
E o som que ela emite
É perceptível pelo olhar
Quando ela chora, deixa, vai
Serão rios e horas de lágrimas
É preciso expurgar
Quando o som não vem
E quando ela pára, pare também
Veja a beleza da satisfação que vem
Quando ela se acha
E se abre pra si mesma
O som precisa ser só dela
E ela só precisa ouvir
Precisa de uma voz de inspiração
Precisa da tua mão pra ir
Mas ela é só
E sabe ser assim
Não quer voltar ou que você volte
Quer saber seguir
Nessa hora, ela precisa do silêncio
Pra ouvir seu próprio som
Seu compasso, seu próprio ritmo
Ela precisa do tom
Deixa ela ir
E não negue que ela existiu
Deixa ela seguir
O som que já partiu.
Porque o som é dela
E ela precisa perder e achar,
Esse é o ciclo
De um calendário lunar
A mulher é lua
Intensa e fria sob sua própria sombra
Intensa e quente sob seu amante
A lua sabe amar
Sabe fazer canção, cantar e compor
Sabe ser plenamente em si
É artista, é completa
Mas quer se completar no som
E no amor que precisa dar
Porque já é muito largo no peito
Não pode simplesmente segurar
É sua obrigação e de bom grado o oferece
Mas deixa ela só um pouco
Porque ela sabe q hora
E quando for, recebe
O som, o coração, o amor, a lua.
Recebe o brilho eterno de uma mulher
Que conhece sua própria cadência
E sobretudo carência
E conhece os sons que emanam d’alma
E que a guiam determinantes
Capazes de abrir toda a felicidade
Deixa que ela brilhe, dê espaço
E receba esse som inigualável
Que no entanto, ao sentir
Somente ela pode ouvir.
Porque somente ela é mulher.